"...Então, por que realiza sinais? Era a sua compaixão misericordiosa, ou melhor, eram os empobrecidos que lhe dissuadiam, que minavam a sua resistência, era a dor e sofrimento deles que o forçava a render-se e realizar os sinais que não quereria.
Portanto, a única coisa que minava a resistência de Jesus em realizar sinais era o sofrimento e a miséria dos seus irmãos. Dessa forma, para escândalo da sociedade da sua e da nossa época e de muitas religiões do nosso tempo, Jesus revela a imagem de um Deus frágil, quebrado, rendido, capaz de mudar seus planos e decisões diante da dor e do sofrimento dos seus filhos e filhas.
Eis a imagem do Deus de Jesus tão incompatível com a do deus das religiões, das seitas e dos movimentos midiáticos do nosso tempo, que nos apresentam um deus forte, poderoso, ufanista, monetarista, que infantiliza e ludibria os seus filhos e filhas satisfazendo-lhe todos os desejos.
Ao afirmamos que Jesus realizou curas, milagres e exorcismos, impõe-se algumas outras questões: De que forma Jesus via empobrecidos? Qual era a condição para render-se, para ceder aos apelos dos empobrecidos e não infantilizá-los, mas dignificá-los com sua atitude compassiva?
A sociedade do tempo de Jesus era gravemente excludente, embora muito menos que a nossa. Pasmem, portanto a gravidade e o grau de exclusão da atual sociedade, como também o grau de dureza dos nossos corações, haja vista o grau de miséria e sofrimento que nos cercam. Eis, portanto o nível de insensibilidade, de indiferentismo, de individualismo cego a que chegamos. Estamos com os corações petrificados, eis a razão por que há tão poucas conversões e tanta miséria no mundo. É ai que aparece a impotência de Deus..."
Nenhum comentário:
Postar um comentário