terça-feira, 29 de novembro de 2011

Por que ir aos pobres e para quê?

Porque ir aos pobres  - PARTE 5

"Portanto diante da dor e do sofrimento dos pobres e oprimidos, Jesus era tomado por um grito, por um apelo irresistível que lhe vinha das entranhas, das profundezas do ser e lhe obrigava a agir, ceder, render-se, ou tomar posição ante as súplicas dos oprimidos, ou diante dos que os injustiçavam. Sua compaixão era ativa, não parava nas lágrimas e nas emoções.
A compaixão de Jesus era tão forte e irresistível que o levou inclusive confrontar-se com os seus opressores, indo às últimas conseqüências para libertar os sofridos, tendo por fim o levado à morte matada.
De acordo com L. Boff, em sua obra “Princípio de compaixão e cuidado”, a compaixão ativa, impõe uma atitude para com o outro: “...Como Gandhi o mostrou politicamente, a com-paixão não é passiva, mas sim altamente ativa. Com-paixão – como sugere a filologia da palavra – é a capacidade de com-partilhar a própria paixão com a paixão do outro. Trata-se de sair de si mesmo e de seu próprio círculo e entrar no universo do outro enquanto outro, para sofrer com ele, para cuidar dele, para alegrar-se com ele e caminhar junto a ele, e para construir uma vida em sinergia e solidariedade”.
Então, o que leva alguém a ir aos pobres é em verdade a compaixão, a mesma que levou Jesus a conviver com os empobrecidos e a tomar para si a sua causa. Porém essa compaixão, que habita em todos nós, só se faz despertar por um contato vivo com os empobrecidos. É portanto a miséria quem gesta a misericórdia. Os meios que Deus usará para quebrar os corações e infundir a compaixão são infinitos, inimagináveis, mas sem dúvida passa pelo contato com o sofrimento e a dor do outro.
Toda a práxis de Jesus está fundamentada na compaixão. A prática de Jesus não tem como motivação fazer espetáculo, angariar fundos, fazer crescer uma tal obra de evangelização, demonstrar poder, ficar rico, fazer caridade, fundar uma religão. Nada disso.
Hoje se sabe com segurança que Jesus curou, exorcizou e realizou milagres, mas é também certo que Jesus resistia em realizá-los. Quem lê os Evangelhos de forma ampla, sem fundamentalismo, dá-se conta dessa sua resistência. Então, por que Jesus resistia a realizar curas, milagres e exorcismos e, mesmo assim, os realizava?
Por que resiste? Para Jesus, como nos informa A. Nolan, realizar sinais como forma de provar a sua missão messiânica e a sua filiação divina era uma tentação de Satanás. Os sinais espetaculares confundiriam as pessoas e as convenceriam de que Jesus era uma espécie de semi-Deus e, caso não o vissem como um homem comum, despojado dos poderes divinos, não seriam capazes de perceber o seu ensinamento fundamental, não poderiam segui-lo, tê-lo como referência de vida..."

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